segunda-feira, 13 de junho de 2011

"MAU POLICIAL É UM MITO", AFIRMA PROFESSOR DA UFRN



Para o professor do Departamento de Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Alípio Souza Filho, o "mau policial" é um mito. Ele explica que sob os olhos da Sociologia a individualização do problema, a partir do apontamento de um ou outro policial que não cumpre o seu papel, esconde na verdade uma corporação inteira mal preparada.

Segundo disse o sociólogo, termos como "mau policial" ou "banda podre", foram criados e são mantidos por autoridades públicas para que seja passada a falsa idéia de que os homens que cometem transgressões são a minoria da Polícia Militar. Alípio Souza Filho critica a forma de preparação das polícias do Brasil, pautada em concepções de autoritarismo e agressão.

"Essa não é uma questão individual, mas social. Uma polícia que usa a extorsão, pratica a tortura como técnica de investigação e oprime a população é uma polícia mal formada por inteiro. Por isso o mau policial é um mito", disse o professor da UFRN. Para Alípio, as polícias brasileiras, principalmente a Militar, não têm atuado como organismos do Estado moderno.

O sociólogo explica que o modelo baseado no abuso de autoridade e agressões são fruto de nossa herança escravocrata, que faz com que pessoas da base da pirâmide social continuem sendo oprimidas, tratadas como cidadãos inferiores, como os escravos do século 19. A herança explica também a naturalização da violência policial pela sociedade, que chega por vezes a incentivá-la.

"A polícia violenta é fruto de uma sociedade aceita, naturaliza e legitima o perfil, passando a não ser objeto de crítica. E é por isso que os processos na corregedoria não dão em nada", disse o sociólogo. Alípio insiste em ressaltar que, quando ocorre de um "mau policial" ser punido, o objetivo do Estado é manter o mito, disfarçando o mal preparo de toda a Polícia Militar.

O professor acredita que as práticas violentas são transmitidas formalmente nas academias, que raramente utilizam de concepções baseadas na civilidade e nos direitos humanos. O que se alia a falta de celeridade e resultado final nas apurações chegadas às corregedorias do país.

Para ele, a solução do problema só será alcançada se for esquecida a idéia de etapas, e se as ações sejam tomadas concomitantemente. O poder público deve mudar a forma de preparar os policiais, e a população deve aprender, cada vez mais, a denunciar as trangressões policiais e cobrar as devidas punições.

FONTE: Tribuna do Norte

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