quinta-feira, 2 de junho de 2011

CRACK X OXI



CRACK X OXI


Feito a base de cocaína, combustível e cal virgem, o Oxi – uma versão 
ainda mais corrosiva do crack – começa a circular no sudeste do País 
após seguidas apreensões da droga. Mercadoria recém chegada à 
cracolândia, maior pólo de usuários de droga do Brasil, no centro da 
capital paulista, o oxi é considerado por especialistas em dependência
 química como a versão pirata do crack.
Até agora, 1% da clientela atendida pelo Centro de Referência de Álcool,
 Tabaco e outras drogas (Cratod), revelou ter consumido a droga sem
 consciência de que não usava a pedra tradicional, feita da mistura de 
pasta base de coca ou cocaína refinada com água e bicabornato de sódio.
“Os usuários que atendemos acham que fumaram o oxi pelo gosto de
 gasolina que sentiram na boca após consumirem o que pensavam ser crack. 
Eles afirmam que foram enganados”, pontua Marta Ana Joezierski, 
diretora do Órgão.
A especialista explica que a droga não tem apelo ao consumidor do crack. 
Além de mais nocivo do que o produto ‘original’ o oxi queima a garganta e 
deixa como resquício o gosto de combustível muito forte na boca. Os efeitos 
alucinógenos são exatamente os mesmos provocados pelo crack. “Não é uma
 substância para consumo humano, é para máquinas", assevera Marta.
O oxi contém múltiplos resíduos, é mais agressivo ao sistema respiratório, 
além de ser um veneno para o fígado e rins. Carlos Salgado, presidente da 
Associação Brasileira de Estudo sobre Álcool e Drogas (Abead) e psiquiatra 
da Unidade de Dependência Química do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre,
 endossa o baixo interesse dos dependentes químicos na suposta nova droga.
“Não há diferenças no efeito, na reação que o usuário busca na droga, por 
isso é difícil reconhecer quem está usando. É apenas um produto mais barato, 
grosseiro e ainda mais agressivo. A gasolina inalada pode inutilizar rins e fígado
 rapidamente.”
Fim da linha
Apreensivo com a versão mais tosca do crack, Ronaldo Laranjeira, psiquiatra 
da Univesidade Federal de São Paulo (Unifesp) e especialista no assunto, 
acredita que o efeito do oxi será ainda mais devastador nos usuários antigos, 
chamados de forma pejorativa de “craqueiros”.
“Nenhum usuário recente buscará pelo oxi. Ele é conhecido pelas pessoas que 
já estão bastante debilitadas pela droga original. Na falta do crack após uma 
longa noite de consumo, o oxi é a alternativa mais barata, e nem sempre uma 
escolha.”
Para Laranjeiras, a droga fresca no mercado, mesmo que não arrebate 
consumidores
 oficiais, retroalimentará a espiral de um problema crônico de saúde pública: 
o ineficaz programa do governo de combate às drogas.
“Precisamos de um tratamento estruturado, regionalizado. Eu defendo a idéia 
de não tolerar o uso público do crack. A repressão eliminaria a cracolândia, 
mas é preciso oferece um serviço eficaz de assistência social ao usuário, 
com internação, tratamento. Todos os países que permitiram o uso público 
se deram muito mal.”
Dados iniciais 
Estima-se que a circulação do oxi no Brasil tenha começado em 2004, pelo 
norte do País. Índices isolados mostram que sua ação é ainda mais letal. 
Enquanto o usuário de crack vive de quatro a 15 anos, o oxi já matou 30 pessoas
 no Acre em apenas um ano de consumo.
“Talvez a gente tenha menos trabalho no atendimento, por que esses usuários 
morrerão antes de pedir ajuda”, prevê a diretora do Cratod.
Crack x Oxi
As duas drogas causam euforia, aumento da pressão arterial, 
elevam as chances de infarto e comprometem, a longo prazo, o sistema 
respiratório. O Oxi, por conter gasolina na composição, ainda é extremamente 
prejudicial ao fígado e rins, podendo provocar a falência de tais orgãos.
A coloração do crack é branca, enquanto o oxi pode ser encontrado nas versões 
amarela e roxa, conforme a concentração de gasolina e cal virgem, respectivamente.
"São drogas altamente destruidoras, principalmente por que os indivíduos fazem 
jornadas de uso sem hidratação ou alimentação. É uma exposição intensa e 
bombástica. 
Ficam emagrecidos, depauperados. Em muitos casos, o quadro é irreversível", 
alerta Carlos Salgado, presidente da Abead.

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